segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Alcobaça


Como chegar



Alcobaça


“Alcobaça conhecida também por terra de paixão”

Sede de concelho, Alcobaça pertence ao distrito de Leiria e fica situada entre a Serra dos Candeeiros e a costa atlântica, a 42 metros de altitude e rodeada pelos rios Alcoa e Baça. Situa-se na zona centro e sub-região Oeste de Portugal. O concelho de Alcobaça, com uma área de 417,05 km2, tem uma população a rondar os 56 mil habitantes. O concelho de Alcobaça conta com 18 freguesias: Alcobaça, Alfeizerão, Alpedriz, Bárrio, Benedita, Cela, Cós, Évora de Alcobaça, Maiorga, Martingança, Montes, Pataias, Prazeres de Aljubarrota, São Martinho, São Vicente de Aljubarrota, Turquel, Vestiaria e Vimeiro.
O concelho de Alcobaça é rodeado pelos municípios de Caldas da Rainha, Rio Maior, Nazaré, Marinha Grande e Leiria. Este município fica sensivelmente a 109 km da capital, Lisboa. Os principais acessos rodoviários são a auto-estrada A8, o Itinerário Complementar IC2 e a Estrada Nacional EN8.
O feriado deste concelho é celebrado a 20 de Agosto.

Jardim do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça antes de sofrer as alterações.

Um Pouco da História

Alcobaça cresceu em redor de um castelo árabe e depois de um Mosteiro Cristão, o ”Mosteiro Santa Maria de Alcobaça,”que é considerado pela UNESCO património mundial, bem como os arcos de Cister, pelourinhos e as igrejas da Nossa Senhora da Conceição e da Misericórdia.
O nome de Alcobaça deriva de 2 rios que aí se encontram, um com o nome de Alcoa e o outro de Baça, a junção dos dois deu origem a Alcobaça.
Mosteiro de Alcobaça
Foi fundada em 1178 pela Ordem de Cister para cumprir o voto feito pelo 1º Rei do País, D. Afonso Henriques, aquando da conquista de Santarém aos mouros. O Mosteiro foi terminado em 1223. Mais tarde houve outros reis que continuaram a embelezá-lo.
É considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal. Neste mosteiro, encontram-se os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro.
Foi reconstruído diversas vezes e em vários estilos, desde o gótico ao manuelino.
É um dos mais belos monumentos do mundo.
Descrição Geral Planta do Mosteiro

1. Igreja;
2. Sacristia medieval;
3. Sala do Capítulo;
4. Parlatório;
5. Escada de acesso ao dormitório;
6. Sala dos Monges;
7. Igreja nova;
8. Refeitório;
9. Lavabo;
10. Clausto de D. Dinis;
11. Claustro de D. Afonso VI;
12. Sala das Conclusões;
13. Sala dos Reis;
14. Ala sul;
15. Panteão Real;
16. Capela Senhor Passos;
17. Sacristia;
18. Capela Senhora do Desterro;
19. Claustro da Levada;
20. Claustro do Rachadoiro;
21. Biblioteca


Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça


Túmulo de D.Inês de Castro



Túmulo de D.Pedro



Sala do Capítulo
Refeitório

Praias


O concelho de Alcobaça tem cerca de 20 km de costa muito diversificada.
Percorrendo a costa, de norte para sul, encontramos as seguintes praias: Água de Madeiros, Falca, Pedra do Ouro, Polvoeira, Paredes de Vitória, Vale Furado, Légua, Gralha e São Martinho do Porto.


Igreja da Misericórdia de Alcobaça


Igreja da Misericórdia

Esta Igreja foi mandada erigir pelo Rei D. Manuel I no local onde existiu a ermida de S. Vicente.
Em 1653 um violento tremor de terra assolou Alcobaça e derrubou-a por completo, sendo posteriormente reconstruída a expensas do Mosteiro.


Igreja de Nossa Senhora da Conceição
A sua construção iniciou-se no ano de 1648, local onde existiu a Igreja de Santa Maria a Velha, a primeira igreja paroquial de Alcobaça.
Nesta última igreja residiram os primeiros cistercienses antes da construção do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
Segundo a tradição, D. Sancho I viveu os últimos anos em Santa Maria a Velha e ali morreu.


Ruínas do Castelo de Alcobaça



FREGUESIA: Alcobaça

LOCALIZAÇÃO: Alcobaça Ruínas do Castelo

DESCRIÇÃO: Pouco resta desta antiga fortaleza que hoje em dia é, sobretudo, um magnífico miradouro sobre o Mosteiro e a vila de Alcobaça.
Pode ver as muralhas da primeira cerca, em forma de cubos e os arranques de um torreão e de uma torre saliente onde se guardavam os dinheiros do Estado.
1147 - Castelo reedificado por D. Afonso Henriques sobre as ruínas de uma fortaleza anterior.
Pensa-se que este castelo será de origem árabe, embora haja quem afirme ser visigótico.


Edifício da Câmara de Alcobaça



Este palacete foi mandado construir em 1890 por Francisco Oriol Pena. Os proprietários, enriquecidos no Brasil, trouxeram um modelo de lá importado. A inclinação das águas dos telhados denuncia essa influência. Foi adquirido pela câmara e aí se tratam assuntos relacionados com o Município.


Palacete das Freiras


Edifício doado na década de 70 por Maria Cristina Rino à consagração religiosa de S. José.
Actualmente foi adaptado para Centro de bem estar infantil.


Museus

Museu do Vidro
“Atlantis”- Crisal, Cristais de Alcobaça S.A
Descubra o segredo dos famosos cristais de Alcobaça...
Morada: Casal da Areia Cós
2460-392 Alcobaça
Telefone: 262 540 248
Fax: 262 540 248
Observações:
Horário:
10h00 – 18h00
Encerra ao Domingo e à Segunda-feira



MUSEU DO VINHO
Morada: Rua de Leiria - Olival Fechado
2460-059 Alcobaça
Telefone: 262 582 222
Fax: 262 582 222
Descrição: Criado em 1968, está instalado numa antiga adega de 1875. Mostra uma colecção de 10500 peças, alfaias agrícolas, máquinas e objectos ligados à viticultura desde o século XVIII.

MUSEU AGRÍCOLA
Proprietário: Escola Profissional de Agricultura de Cister (EPACIS)
Morada: Estrada de Rio Maior
Apartado 211
2460 Alcobaça
Telefone: 262 596 844
Horário:
09h00 - 12h00 e 14h00 - 17h30 (dias úteis)
Descrição:
Possui uma vasta colecção de alfaias agrícolas do séc. XIX e imagens etnográficas da época


MUSEU RAÚL DA BERNARDA
Morada:
Ponte D. Elias
Apartado 39
2461-601 Alcobaça
Telefone: 262 590 600
Horário:
10h00 - 13h00 e 15h00 - 19h00 (dias úteis)
Descrição:
O Museu Raúl da Bernarda recolhe algumas das mais belas ou representativas peças da produção da “Raúl da Bernarda & Filhos, Lda”. Nele podemos admirar a faiança portuguesa do último século e também a faiança de Alcobaça.
Artesanato
Olaria e cerâmica típica de Alcobaça, que tem fundo branco e decoração azul e que reproduz antigas faianças portuguesas do séc. XVII. Os cristais de Alcobaça, os lenços de chita para a cabeça ou para os ombros, estes conhecidos por “alcobaças,” e os panos de chita de Alcobaça, para decorações e estofos de requinte, assim como as tapeçarias, as toalhas bordadas, as mantas de farrapos, as cestas de verga e as esteiras de Junco de Cós, muito procuradas por serem coloridas.


Louça de Alcobaça



Chitas de Alcobaça



Bonecas Vestidas com as chitas de Alcobaça



Personalidades:


Frei António Brandão (1584-1637), historiador

Frei Fortunato de São Boaventura (1777-1844), polígrafo

Manuel Vieira de Natividade (1860-1918), arqueólogo

João d’Oliva Monteiro (1903-1949), industrial, fundador da Crisal e do cine-teatro
Joaquim Vieira Natividade, engenheiro agrónomo e historiador local

Humberto Delgado (1906-1965), general e combatente contra o Salazarismo, viveu na Cela Velha

Tarcísio Trindade, o único presidente de câmara do tempo da ditadura que não foi eleito pelas listas da União Nacional; deposto após a Revolução dos Cravos

The Gift e Loto, grupos de música electrónica


Gastronomia


Gastronomia: frango na púcara, cherne à Frei João, delícias de Frei João, pudim de ovos dos Frades, biscoitos, grades, broinhas de Alcobaça, tachinhos à Dom Abade, frutas de Alcobaça (pêssegos, maçãs, pêros, alperces, morangos e laranjas) e ginja de Alcobaça.
Na Vila de Alfeizerão, o famoso Pão-de-Ló de Alfeizerão.
Em Aljubarrota os pastéis da Padeira e tortas de Aljubarrota.
Em Bárrio, as queijadas do Bárrio.


Sugestões:


Porco à Abade de Cister
Ingredientes:
1 kg de febras de porco, 2,5 dl de molho vilão, espargos cozidos, sal e pimenta.
Modo de Preparação:
Grelhe as febras, temperando-as com sal e pimenta. Prepare o molho vilão.
Sirva a carne guarnecida com os espargos cozidos e batata salteada (ou um arroz se preferir).
Regue com umas colheres de molho, servindo o resto em molheira.


Molho vilão:
Ingredientes:
2- Colheres de sopa de azeite
1-Colher de sopa vinho branco
1-Cebola pequena picadinha
Sal q.b.
Pimenta q b
Bate-se bem e regam-se as febras.


Frango na Púcara
Ingredientes:
Frango, presunto, cebola, tomate, vinho do Porto, aguardente velha, vinho branco, passas de uva, sal e pimenta.
Modo de Preparação:
Coloca-se o frango na púcara de barro juntamente com todos os ingredientes. Tapa-se a púcara e leva-se a forno quente.

Vitela do Abade
Ingredientes:

1 kg de peito de vitela, 400gr de espinafres, 50gr de castanhas, 2 ovos, 70gr de queijo ralado, ½ copo de leite, 40gr de manteiga, 2 colheres de azeite, folhas de louro q.b., pimenta, 1 copo de vinho branco.
Modo de Preparação:
Cozem-se as castanhas, descascam-se e cortam-se aos bocadinhos. Cozem-se também os espinafres e os ovos. Numa caçarola, põe-se a manteiga, os espinafres e as castanhas para saltearem, temperando o recheio com sal, pimenta, queijo ralado, leite e, por fim, o ovo cortado aos bocadinhos. Esta mistura deve ficar espessa mas ligada.
Tempere o peito da vitela com sal e pimenta, espalhe o recheio na parte interior e enrole. Ate com um fio deixando um intervalo de dois dedos entre cada volta.
Coloque o peito da vitela num tabuleiro, com azeite, manteiga, louro, e regue com vinho e leve ao forno. Deixe assar durante 45 minutos, regando a carne de vez em quando para não queimar. Sirva o peito da vitela cortado em fatias e regado com um pouco de molho.
Serve-se com arroz branco e uma salada verde, que são acompanhamentos ideais para este prato.


Doces Conventuais


Barrigas-de-Freira


Ingredientes: 6 gemas e 1 clara de ovo, 1 colher de manteiga, 300 gr de açúcar, 1 pão-de-leite, limão e canela.
Modo de preparação: Leve o açúcar ao lume com 2 dl de água e uma casca de limão até obter um ponto fraco. Junte o pãozinho de leite esfarelado (ou melhor, uma ou duas arrufadas) e envolva tudo bem. Retire do lume e junte a manteiga, as gemas e a clara de ovo batidas. Leve novamente a lume muito brando para cozer os ovos, mexendo sempre cuidadosamente para não os talhar. Deite em tacinhas individuais e polvilhe com canela. Se quiser, enfeite também com algumas granjeias coloridas.

Grandinhas de Alcobaça
Ingredientes:250 gr de açúcar, 4 ovos, 100 gr de manteiga, 1 colher de chá de fermento em pó, 1 limão, 1 colher de café de canela e 500 gr de farinha.
Modo de Preparação: Bate-se o açúcar com a farinha até ficar uma massa homogénea. Juntam-se os ovos um a um, batendo sempre, e mistura-se a farinha com o fermento, a canela e a casca do limão ralada. Envolve-se bem e forma-se a grade: unta-se um tabuleiro com manteiga e polvilha-se com farinha; à volta do tabuleiro põe-se um rolinho de massa a unir as pontas (divide-se o tabuleiro em 3 partes iguais); põem-se dois rolinhos de massa a dividir, formando-se nas 3 pontas umas grades que pegam umas nas outras. Vai ao forno. Quando se tirar o tabuleiro fica o feitio do tabuleiro numa peça só.

Ginja
Para acompanhar os doces conventuais, não se dispensa um copo de ginjinha de Alcobaça, que é uma delícia.




A agricultura


Já no tempo dos monges, este povo desenvolve uma acção colonizadora notável, colocando em prática inovações agrícolas, criando uma região agrícola que tem perdurado até aos nossos dias. Em Alcobaça, os principais produtos agrícolas são as frutas: maçã Casa Nova; pêra Rocha e o pêssego.



LENDA DE ALCOA E BAÇA



Este é o romance de dois enamorados: o Alcoa e a Baça. Enamorados iguais a muitos outros, nos sonhos, nos anseios, na luta, tantas vezes incerta, pela felicidade. Passou-se há inúmeros anos, dizem…Alcoa acabara de amanhar a pequena parcela de terra que lhe coubera em herança. O Sol, numa fraqueza de agonia, desaparecia na linha do horizonte. E o rapaz, braços fortes de quem trabalhava, rosto sadio, foi com pressa de um apaixonado até à pequena barraca onde vivia a jovem dos seus cuidados.
Ao vê-la, o seu rosto iluminou-se, como se aquele sombrio ocaso fosse a mais linda manhã de Maio. Ela correu para ele.
-Estava a contar o tempo…
O rapaz acariciou-lhe os cabelos.
-Meu amor! Se este ano tiver sorte, em breve estaremos casados!
A rapariga encostou a cabeça ao peito do noivo, murmurou enleada:
- Quem dera, meu querido, quem dera!..Tenho tanto medo do futuro!
Surpreendido, Alcoa obrigou-a a olhá-lo, levantando com uma das mãos o queixo bem recortado da sua noiva.
-Tens medo? E de quê?
-Sei lá…
-Não desvies o olhar…Tenho o direito de conhecer os teus receios. Não contas então com os meus braços fortes… com o meu espírito de lutador?
Ela receou tê-lo melindrado.
-Eu sei quanto vales! Sei quanto gostas de trabalhar… Mas…
-Mas o quê? Estou habituado a amanhar a terra…Conheço todos os segredos da natureza…
Ela sorriu-lhe.
-Eu sei. Mas…enquanto não me vir junto de ti, dentro da nossa casinha…compreendes…vivo cheia de temor pelo que nos possa acontecer.
-Que ideia a tua, meu amor! Porque te atormentas assim, sem necessidade?
-Tens razão. No entanto…já ontem pensei dizer-te isto mesmo, mas receei ofender-te…Trago um pressentimento triste e mau dentro do coração.
-Que hei-de dizer-te, Baça? Afasta esses pressentimentos! Ajude-me o tempo nas colheitas que estão para vir, e tu verás!...
Deram as mãos com calor. Juras eternas voltaram a repetir-se. E o sol morria aos poucos, lá ao longe, enquanto os jovens trocavam um beijo de amor…
O tempo das colheitas estava próximo. Havia, porém, muita ansiedade no coração de todos os lavradores daquelas terras, para os lados de Leiria. E numa noite em que a ventania zunia lá fora, alguém bateu fortemente à porta da cabana do jovem Alcoa.
Surpreendido, ele gritou, de dentro:
-Quem bate a estas horas?
Como resposta, as pancadas soaram mais fortes ainda, mais apressadas.
Destemido, o rapaz foi inteirar-se do que se passava. Mas, assim que abriu a porta, uma rajada de vento entrou, quase o derrubou. Caíram em terra o catre, a mesa e os bancos!
Num impulso de coragem, Alcoa fechou a porta. Então, dentro da casa, o vento girou num rodopio e, de súbito, transformou-se numa figura estranha, que sorria, fitando os olhos pasmados do jovem aldeão.
Ouviu-se uma gargalhada. E antes que o rapaz pudesse fazer qualquer pergunta, o desconhecido falou:
-Não te amedrontes! Não venho fazer-te mal. Quero apenas propor-te um negócio.
Atrapalhado, mas tentando encobrir essa atrapalhação, o rapaz perguntou:
-Mas…quem é o senhor?
Nova risada, desconcertante e fria como o vento que soprava.
-Que preocupação é essa? Para que queres saber quem eu sou? O que deve interessar-te neste momento…é o negócio que venho propor-te, a propósito das próximas colheitas!
-Negócio…sobre as colheitas?
Outra risada cortou o ambiente.
-Ora vês como já começas a entusiasmar-te?..
O rapaz explicou:
-De facto, estou ansioso por saber o que vai dizer-me sobre as próximas colheitas…A minha felicidade depende do resultado deste ano.
A figura estranha procurou o recanto mais sombrio da velha cabana.
-Pois imagina que venho propor-te apenas isto: se estiveres de acordo comigo, dar-te-ei a possibilidade de conseguires colheitas maravilhosas, e poderás casar ainda este ano, como é teu desejo!
Alcoa arregalou os olhos, num espanto sincero.
-Mas…como sabe o senhor que eu estou para casar?
Outra risada, ainda mais insistente, deixou um frio na alma do jovem Alcoa. Mas já o visitante respondia.
-Eu sei tudo, meu rapaz…Eu sei tudo!
Alcoa ficou perplexo. Perguntou:
-Afinal …que pretende de mim?
-Uma troca! Uma simples troca. Eu dou-te a garantia da melhor colheita de todos os tempos e tu assinas um documento no qual me concedes toda a tua terra.
-Não compreendo…
A voz do visitante começou a mostrar-se ligeiramente enfadada.
-Não compreendes? Pois é fácil. Estabeleces um pacto comigo, percebes agora? Tu dás-me apenas a tua terra, que se tornará maior e melhor… e eu dou-te a certeza de poderes casar e ser feliz. Queres?
Alcoa abanou a cabeça.
-Que ideia estranha, senhor! Mas…se lhe dou a terra… com que fico eu?
-Com o rendimento da própria terra, meu idiota! Terás riqueza…e poder!
Serás mais forte do que os ricos e mais temido que os poderosos!..
Com a voz fremente de alegria, Alcoa concordou:
-Se isso for verdade…aceito!
Soou então a maior gargalhada dessa noite. A figura estranha diluiu-se no recanto da cabana e o vento tornou a soprar lá fora, com redobrada fúria.
Sozinho, Alcoa voltou para o seu catre. Mas nessa noite não conseguiu dormir.
O rapaz guardou segredo de tão misteriosa visita. A ninguém contou quanto lhe fora proposto. Mas a impaciência, enquanto aguardava o resultado das colheitas, ia modificando o carácter folgazão do jovem Alcoa.
Baça, a sua terna noiva, foi quem mais lhe notou essa mudança. E certa manhã em que ele passava para as colheitas, ela interpelou-o.
-Alcoa! Espera um pouco… preciso falar-te.
Ele impacientou-se.
-Agora não! Espera-me à volta.
-Tem de ser agora, Alcoa! Preciso saber o que tens… o que se passa contigo…
-O que tenho? Mas… nada de especial…
-Ando preocupada. Estás diferente…
Ele agarrou-a pelo ombros.
-Baça! Já reparaste nas minhas colheitas? Ah… se tudo acaba como eu penso!...
Ela não sorriu. Ele também nem o notou. O olhar do jovem perdia-se no horizonte claro, a perscrutar o futuro. O da noiva estava posto nele, tentando prendê-lo a si.
-Alcoa! Eu sei que as tuas colheitas têm decorrido maravilhosamente. Mas só as tuas, e isso é que eu não entendo. Todos se queixam, todos…Só tu tens tido sorte!
Ele encolheu os ombros, com um sorriso desdenhoso.
-Pois claro! E o melhor ainda está para acontecer!
-Que dizes?
Ele riu um riso forte, que a impressionou. A rapariga estremeceu. Mas já ele lhe dizia adeus, afastando-se a passos largos…
As colheitas chegaram ao fim. Alcoa não cabia em si de contente, tinham excedido toda a sua expectativa. Estava rico! Riquíssimo! Fazendo contas ao dinheiro, o jovem fechou-se na sua cabana.
Quando a noite chegou, ainda ele arquitectava planos. Foi então que a estranha e misteriosa visita de tempos atrás voltou a fazer a sua aparição e da mesma maneira.
-Ora cá estou eu, como prometi. Disse-te a verdade, ou não?
Alcoa teve um pequeno arrepio, mas tentou sorrir.
-Tudo se passou tal como o senhor disse. O mais extraordinário, porém, é o meu caso em relação aos outros. Eles perderam tudo, coitados!
Soou ríspida a voz do visitante:
-Deixa lá os outros! Pensa sempre apenas em ti. Estás rico, meu rapaz.
Rico e poderoso! Podes casar quando quiseres.
-Nem sei como agradecer-te…
-Sabes… sabes muito bem! Ora trata de assinar este documento, conforme prometeste.
-Vou buscar tinta.
-Tinta? Para quê, meu rapaz? Este documento só poderá ser assinado com o teu sangue!
Alcoa mostrou na voz todo o seu pasmo:
-Com o meu sangue?
Então o estranho visitante confirmou, com o maior à-vontade:
-Claro! Com o teu sangue…Foi a combinação que fizemos.
O jovem continuava perplexo.
-Mas o senhor não me falou em assinaturas com sangue…
-E isso que importa agora? Se estás rico…se tens tudo o que desejas…se podes casar assim que o entenderes…
Alcoa suspirou:
-Tem razão. É bem pouco o que me pede, em troca de tanto que me dá.
Aqui tem a minha assinatura!
A partir dessa noite, os negócios de Alcoa começaram a prosperar de um modo quase aflitivo, de tão extraordinário que era! A tal ponto que os vizinhos começaram a olhar o rapaz com desconfiança. Murmurava-se na povoação. Aqueles que o tinham conhecido na sua meninice opinavam que deveriam ter com ele uma conversa. E, certa tarde, foi decidido que um deles, um dos mais velhos, fosse falar a sós com Alcoa. E o velho assim fez. Esperou, sentado à porta de casa. E quando ele surgiu, atacou-o sem mais reservas.
-Olha, rapaz! Venho falar-te em nome dos homens desta terra.
Alcoa atacou.
-O que desejam?
O ancião ajeitou o chapéu.
-Sabes… tu és ainda muito novo e inexperiente na vida. Já o mesmo não acontece connosco. Somos velhos e sabemos alguma coisa…Ora eles pediram-me como, já te disse, que te fizesse ver certo número de coisas…
Alcoa tornou-se agressivo.
-Que coisas?
O homem olhou-o.
- Não te irrites, rapaz! Só queremos o teu bem! Ora tu…vais por muito mau caminho…
-Dispenso conselhos!
Então o ancião irritou-se.
-Tanto pior para ti, Alcoa! Pois então vou dizer-te o que pensamos: tu tens pacto com o demónio!
O jovem franziu as espessas sobrancelhas.
-Cale-se aí! Sabe lá o que está a dizer! O que o faz falar é a inveja. A inveja que todos sentem da minha colheita!
O homem sustentou:
-Não é inveja. É plena consciência do que se está passando! Só assim se explica que as tuas terras estejam cada vez melhores… enquanto as nossas parecem cada vez mais ruins. Pois tem cuidado, Alcoa! Tem cuidado!...
A fúria transtornou a expressão do jovem lavrador.
-Se o senhor não fosse mais velho, ensinava-o já a ter mais respeito! Mas suma-se da minha frente e não volte a dizer sandices, ouviu? Senão…
Alcoa ainda levantou o braço. Mas uma voz de mulher gritou o seu nome, suspendendo-lhe o gesto. Ele voltou-se. Era a noiva que vinha a correr.
A rapariga mal podia respirar, de fadiga e de medo.
-Alcoa!...Alcoa!
- Que queres?
Era tão brusca a voz dele que a rapariga emudeceu por momentos.
-Vamos, responde! Que pretendes também de mim?
Ela achou forças para afirmar:
-Como estás mudado! É então verdade o que dizem?...
-Mas de que verdade falas?
Ela olhou-o aterrada. Ele insistiu:
-Vamos, vomita para aí todas essas censuras!
Com voz tremente, a jovem Baça esclareceu:
-Dizem que fizeste um pacto com o demónio…E vendo-te como estás, desfigurado, acredito que é verdade. Tenho medo, Alcoa…Tenho medo!
Os soluços embargaram-lhe a voz. Então o jovem gritou, colérico:
-Se acreditas… vai-te! Desaparece da minha vida!
Correndo como louca, a jovem Baça abandonou o noivo. Andou sem destino, três dias e três noites. Chorando …Chorando a sua grande desdita. A morte veio encontrá-la quando acabara de chorar a sua última lágrima. E conta a lenda velhinha que essas lágrimas reunidas se transformaram numa pequena ribeira, à qual foi dado o nome de Baça.
O jovem Alcoa caiu num desespero terrível, quando soube da morte da noiva. E diz-se que, milagrosamente, ele renegou por completo o pacto que fizera e jurou a Deus doar as suas terras a Santa Maria se conseguisse alcançar o perdão de Baça. O seu remorso era pesado e triste. Chorava Alcoa, sem cessar, a mágoa de ter sido ambicioso. Chorava dia e noite. E tanto chorou que também se transformou num rio: o rio Alcoa.
E passou a constar que, nas noites luarentas, as águas do Alcoa murmuravam, quebrando o silêncio:
-Baça, meu amor!..Perdoa-me, peço-te por tudo que me perdoes! Baça…Jurei dar as minhas terras a Santa Maria, se tu me perdoasses…
Pois numa dessas noites (ou talvez na madrugada de um novo dia, quem sabe?) outra voz respondeu às lamentações e aos apelos do rio Alcoa. E essa voz disse:
- Sim… Já que tanto o desejas. Vou perdoar-te… para que estas terras sejam na verdade de Santa Maria, e tu possas remediar assim os teus erros passados…Vou juntar-me a ti, Alcoa!
E ali mesmo, a ribeira Baça se misturou com o rio Alcoa, desaguando no seu lado esquerdo, que é o lado do coração…
Desde esse instante, o rio Alcoa passou a denominar-se Alcobaça, e todas essas terras ficaram devotadas a Santa Maria, cumprindo assim a jura feita.
E diz-se ainda que em certas noites se continuam a escutar murmúrios de vozes humanas, no meio das águas do rio. Murmúrios apaixonados. Murmúrios de amor.


Eventos


Feira de São Simão


Frutos secos, queijos, enchidos, compotas, vinhos regionais, entre muitos outros manjares da gastronomia regional do concelho de Alcobaça.



MOSTRA INTERNACIONAL DE DOCES CONVENTUAIS



Assumindo-se como pioneira do conceito em Portugal, a Câmara Municipal de Alcobaça, que trabalha nesta Mostra desde 1999, promove e divulga o riquíssimo património cultural que é a doçaria, apostando na tradição gastronómica deixada pela presença dos Monges e Monjas Cistercienses dos Conventos de Alcobaça e Cós.


Feira Medieval -Aljubarrota



Vila de Aljubarrota – Alcobaça


Várias actividades relacionadas com este evento que se realiza já alguns anos e tem vindo a ganhar cada vez mais visitantes.



Passeio pedonal junto ao rio Alcoa

Hotéis


*** Hotel de Santa Maria ( Residencial )

Rua Dr. Francisco Zagalo.
Tel: 262 597395 / 262 597405
Fax: 262 596715


*** Hotel D. Inês De Castro
Rua Costa Veiga, 44/48
2460-028 Alcobaça
Tel.: 262 582 355
Fax. 262 581 258
Reservas:
reservas@hotel-inesdecastro.com


** Hotel Termal da Piedade
Termas da Piedade(a 4Km do centro da cidade)
Tel: 262 582065 / 6
Fax: 262 596971


Pensões


*** Pensão Corações Unidos
Rua Frei António Brandão, 39
Tel: 262 582142
Parque de Campismo
Parque Municipal de Campismo de Alcobaça
Av. Professor Vieira Natividade
Tel: 262 582265


Restaurantes:


Adega Alegre
R Afonso Lopes Vieira, 39-cv
2460-021 ALCOBAÇA
Telef: 262 582 385


Pensão “Corações Unidos”
Rua Frei António Brandão
ALCOBAÇA
Telef: 262 582 14


Restaurante Cervejaria “O Cantinho”
Rua Engenheiro Bernardo Vila Nova, 2-A/B
2460-044 ALCOBAÇA
Telef: 262 583 471


Restaurante “Trindade”
Praça D. Afonso Henriques, 22
ALCOBAÇA
Telef: 262 582 397


Restaurante Frei Bernardo
Rua D. Pedro V, 17-19 2460-029 ALCOBAÇA
Telef: 262 582 227

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